Resenha do livro Cartas de um diabo a seu aprendiz (C. S. Lewis)
Esse foi um dos primeiros livros do C. S. Lewis que teve o prazer de ler. Cartas de um Diabo a seu Aprendiz fez parte dos primeiros lançamentos que a editora Thomas Nelson nos privilegiou há alguns anos.
E posso dizer sem sombras de dúvida: essa leitura de ficção é uma das mais impactantes que um cristão pode chegar a ler durante sua vida.
Se pudesse receber um conselho antes de pegar esse livro para ler, seria o de que eu estivesse com toda disposição de abrir a minha mente para querer colocar a minha vida prática dentro de uma imersão absurda com todas as realidades chorosas do meu passado.
Soou tão intenso que quase ficou difícil de entender, não é? Vou esmiuçar com a resenha.
Cartas de um Diabo a seu Aprendiz é uma obra para te deixar de queixo caído
“Não tenho a mínima intenção de explicar como a correspondência que trago a público caiu em minhas mãos. Nossa raça pode cair em dois erros igualmente graves, mas diametralmente opostos, quanto aos demônios. O primeiro é não acreditar na existência deles. O outro é acreditar que eles existem e sentir um interesse excessivo e doentio por eles.” (C. S. Lewis)
Lewis chegou a escrever esse grande livro como um presente para o seu amigo e nosso querido professor J. R. R. Tolkien. E assim como todos os seus demais, é um privilégio poder consumir algo tão sensacional.
De acordo com ele, não foi nenhum pouco fácil criar tais artimanhas entre Maldanado e seu sobrinho aprendiz, o Vermelindo. Por isso quis tanto terminar.
Você pode estar pensando: como uma ficção poderia tocar tanto a minha vida? Acredite, esse é um dos poucos livros que pode e da forma mais devastadora possível
Uma escolinha obscura só para os diabos
O livro em si conta a história de como um diabo chamado Vermelindo começou a aprender com seu tio, o Maldanado. E todos os seus ensinamentos era como ele poderiam destruir a vida do “seu humano”.
Agindo com sagacidade, perversão, deboches e muita ironia, os ensinamentos infernais eram feitos através das cartas que o aprendiz que recebia e enviava a cada etapa de investidas que dava tentando destruir um cristão.
E até mesmo quem não é cristão consegue levar a natureza maldosa com muita perplexidade. Leia o trecho:
“A saúde e o ânimo que você deseja usar na produção da luxúria também pode ser, lamentavelmente, usados com muita facilidade no trabalho, no lazer, no pensamento ou na alegria inconsequentes. O ataque terá uma chance maior de sucesso quando tudo o mundo interior de uma pessoa estiver sombrio, frio e vazio.”
Lewis conseguiu – e de acordo com ele não foi nem um pouco fácil escrever em cada suposta maldade – interpretar de uma forma contrária todos os ensinamentos que um seguidor de Jesus Cristo aprende ao longo da vida.
Usando os desejos mais obscuros e os mais corriqueiros
Vermelindo era estimulados por Maldanado a fazer de tudo para que o seu humano não tivesse nenhum contato com Aquele que o criou. Se fosse algo ruim, ele era estimulado a gostar de fazer aquilo. E existiam estratégias bem simples:
- Fazer com ele fizesse;
- Não fazer nada;
- Ou usar alguém para ajudar a decair.
Mas se fosse algo que pudesse ser bom em sua própria essência e que o acarretasse a se aproximar dAquele que o criou, o diabo tinha que cumprir o dever de fazer com que aquilo fosse chato, tedioso ou até mesmo uma coisa de mera irrelevância. Criava o dispensável.
Cartas de um diabo a seu aprendiz toca na sua ferida
E é justamente nessas semelhanças e descrença da vida real, que você se pega caindo dos laços que você mesmo os criou. Em certas ocasiões, Maldanado é aplaudido por fazer nada. Entende onde eu quero chegar?
Particularmente, uma das coisas mais interessantes que o livro Cartas de um Diabo a seu Aprendiz chega a difundir é exatamente a falta de valorização que os seres humanos conseguem ter de forma tão natural, para com todas as coisas simples da vida.
Para eles, os diabos, o simples é uma das coisas que mais poderia levar um ser humano para perto de Deus. Animais, natureza, descanso, cheiros e sabores…
Ainda no começo do livro, o aprendiz chega a receber uma carta de repreensão do seu superior por ter deixado o seu humano dar uma mera volta e tomar um chá.
Isso pode ser devastador porque dar-se a entender que o acesso ao Deus criador pode ser simples e você dispensa isso de forma mais simples ainda. É mesmo uma adaga fina no peito.
A apreciação por uma coisa simples
E foi justamente o fato dele conseguir encontrar uma certa paixão em uma coisa tão simples e corriqueira, que fez o tio do Vermelindo perder a linha com ele.
Para ele, isso é uma coisa tão absurda de acontecer – ainda que aparentemente pudesse ser pequena e desvalorizada para nós -, que poderia por ao fim todas as aulas e progressos que já tinham feito.
Era preciso muita preocupação, estresse, manias bobas e detalhes minuciosos das pessoas que o cercavam, a própria inveja daquilo que os outros faziam de errado e com tanto prazer… É intenso demais!
Só lendo para entender como esse livro é surpreendente
Quando alguém me pergunta por onde começar a ler C. S. Lewis, As Crônicas de Nárnia pode ser a primeira coisa que muita gente pensa. E aplaudo isso de pé! Por outro lado, penso ser essa ficção.
Ela encobre coisas estão pesadas de forma “leve” e clara, que é praticamente impossível uma pessoa terminar essa leitura e não querer navegar pelas demais obras do autor.
Com certeza esse é um dos melhores livros que já cheguei a ler na vida. E mais, foi um dos que mais tocou meu coração e me impactou como ser uma pessoa melhor.
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Otima resenha parabens