Vocês não entendem como eu investi meus esforços para continuar a ler Em Águas Profundas quando fiz a ligação dele e do filme. Ele veio em um dos kits da Intrínsecos que comprei.
E assim que abri, quis começar porque senti proximidade com o título sem saber de onde vinha. Mas nas primeiras páginas caiu a ficha e lembrei do filme ruim que é inspirado nele.
Gosto muito dos filmes do Ben Affleck e por isso assisti – tentei assistir tudo – Águas Profundas. Só que é péssimo! Muito pornográfico e com um casal ruim de descer.
Entretanto, aqui estamos falando do livro. Que sim, é mesmo incomparável em relação ao filme péssimo que ousaram ferir essa obra sensacional da Patricia Highsmith.
Victor Van Allen é um cara comum de trinta e seis anos casado com uma mulher chamada Melinda. Com uma filha, eles vivem tentando manter a aparência de que são duas pessoas normais em uma cidade.
Se aventurando em diversos casos, Melinda nunca procura ser discreta na frente das pessoas e os mantém em consentimento do marido. Estando a se importar apenas com a “chatice” de Melinda dentro de casa, Vic não ligava para os caras.
Querido por toda comunidade e um pai que se orgulhava da inteligência de sua filha, a Trixie, ele passou a se sentir envergonhado pela postura desleixada que a mulher começara a ter na frente das pessoas.
Para seus amigos mais próximos, Vic precisava impor limites à Melinda, que começava a demonstrar mais afetos pelos homens com quem tinha casos, do que com o próprio marido.
Começando a se irritar com sua postura, ele aproveita um momento sozinho com um de seus amantes. Na piscina, Vic afoga Charlie De Lisle até a morte.
E quando Melinda descobre a morte do amante, entra e desespero e acusa o marido sem provas. É então que as coisas começam a sair do controle de Vic e a cidade fica contra Melinda, a mulher vulgar que traia o marido sem pudor e que o acusara de algo que não fez.
Patricia Highsmith descreve Vic com tanta maestria e paciência, que é praticamente impossível não justificar os assassinatos que o cara comete. Sim, você simplesmente sente ódio por Melinda.
Inteligente, calmo, amigo e bom pai, você passa a crer que o único defeito do cara é Melinda. Diferente do filme, Em Águas Profundas eles não se amam.
Vic não tem casos com Melinda, vivem separados, pede divórcio e quando finalmente acha que vai ter isso da mulher, é feito de palhaço mais uma vez.
E é justamente por isso que esse livro é um suspense tão bom. Patricia Highsmith consegue te colocar em posições que com certeza você nem deveria, como torcer pro cara se dar bem.
Por fim, vale muito a pena fazer essa leitura. É de escrita inteligente, não tedioso e consegue te prender até com lesmas – literalmente. Vou ler as demais obras dessa grande mulher.
Descubra os melhores livros de 2024 selecionados pela The New York Times. Esta lista é…
Abandonar livros sem culpa pode ser libertador. Sim, você leu certo. Aquele peso que sente…
Black Doves é a série lançada recentemente pela Netflix e vem chamando a atenção pelo…
Para quem ama uma boa lista de indicações, aqui estão 5 livros do Stephen King…
Clarice Lispector, em sua escrita única e introspectiva, mergulha em reflexões sobre os aspectos mais…
A Geração de 45 foi um movimento literário que emergiu no Brasil na década de…