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Geração de 45 na Literatura Brasileira: O Que Foi e Principais Obras

A Geração de 45 foi um movimento literário que emergiu no Brasil na década de 1940 e é geralmente associado a uma fase de renovação da poesia e prosa no país.

Também conhecida como a “segunda fase do Modernismo”, essa geração trouxe uma reação aos excessos do Modernismo de 1922, propondo uma literatura mais formal, técnica e controlada.

Os escritores da Geração de 45 defendiam o retorno de uma disciplina estética e buscavam temas mais universais e profundos, diferenciando-se do forte nacionalismo dos modernistas da década de 1920.

Características Principais da Geração de 45

  1. Rigor Formal: Em oposição à experimentação radical da primeira fase modernista, a Geração de 45 enfatizava a precisão nas escolhas de palavras, o uso controlado da métrica e o ritmo nos poemas.
  2. Resgate do Classicismo: Os autores buscaram inspiração em formas clássicas e renascentistas, tentando criar um estilo duradouro e universal.
  3. Reação ao Sentimentalismo: Os escritores da Geração de 45 distanciaram-se de apelos emocionais e românticos, optando por uma abordagem mais objetiva e contida.
  4. Busca pela Universalidade: Com foco em temas atemporais, essa geração priorizou uma abordagem filosófica e profunda dos dilemas humanos, influenciada pelo existencialismo.
  5. Influência do Existencialismo: Questões existenciais, como a angústia e a reflexão sobre a condição humana, foram temas recorrentes na obra dos autores dessa geração.

Contexto Histórico da Geração de 45

A Geração de 45 surgiu em um período de intensas mudanças. No Brasil e no mundo, o final da Segunda Guerra Mundial e o crescimento do existencialismo filosófico influenciaram os escritores, que refletiram essas transformações em suas obras.

Esse contexto permitiu uma literatura mais madura e técnica, que se distanciava do radicalismo experimental da primeira fase modernista.

Principais Autores da Geração de 45 e Trechos Selecionados

João Cabral de Melo Neto – Morte e Vida Severina

Reconhecido por seu rigor formal, é autor de obras como Morte e Vida Severina, que aborda temas como pobreza e desigualdade no Brasil.

“Essa cova em que estás, com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida…”

Esse verso faz parte do poema Morte e Vida Severina (1955), uma das obras mais importantes de João Cabral de Melo Neto. A narrativa poética aborda temas como desigualdade e sofrimento humano com um rigor formal, característico da Geração de 45.

  • Fonte: Morte e Vida Severina – Editora Alfaguara.

Clarice Lispector – A Paixão Segundo G.H.

Embora mais associada à prosa, sua escrita introspectiva, como em A Paixão Segundo G.H., oferece uma reflexão profunda sobre o ser humano e a existência.

“Eu estava buscando o meu nada. E isso era o amor humano: o meu modo de inventar alguma coisa que me completasse.”

Em A Paixão Segundo G.H. (1964), Clarice Lispector explora questões existenciais e introspectivas. Neste trecho, a personagem reflete sobre o vazio e a busca por sentido, alinhando-se ao existencialismo e introspecção da Geração de 45.

  • Fonte: A Paixão Segundo G.H. – Editora Rocco.

Ledo Ivo – A Noite Misteriosa

Conhecido por sua poesia existencialista, ele explorou temas como solidão e autodescoberta, sendo um representante típico dos ideais da Geração de 45.

“Navego pelo meu corpo como pelo fundo de um rio. E a escuridão é o meu espelho.”

Em A Noite Misteriosa, Ledo Ivo traz uma poesia introspectiva e existencial, abordando temas de autoconhecimento e solidão. Seu estilo direto e controlado é uma marca da Geração de 45.

  • Fonte: A Noite Misteriosa – Editora José Olympio.

Importância e Legado da Geração de 45 na Literatura Brasileira

A Geração de 45 desempenhou um papel crucial ao estabelecer uma nova fase na literatura brasileira.

Seus autores trouxeram um alto nível de formalismo e disciplina à poesia e à prosa, refletindo questões existenciais que se tornaram centrais no período pós-guerra.

Ao equilibrar o cuidado técnico com a profundidade dos temas, a Geração de 45 ajudou a alinhar a literatura brasileira às tendências literárias e filosóficas internacionais da época.

Amanda Ferraz

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