“Como você é cega, Nastenka!” A mais icônica frase de Noites Branas, não é mesmo? Depois de tanto passar por resenhas e indicações, resolvi dar uma chance.
Mas logo ao fim, ou talvez até mesmo nas primeiras páginas, percebi que Dostoiévski quem me deu a chance de conhecê-lo, não eu, como tanto pensei.
Noites Brancas é a obra de Fiódor Dostoievski em que mais se aproxima de um romance pleno. Diferente dos seus demais livros, São Petersburgo se vê em chuva dolorosa ao contar a história do amor do Sonhador.
Sem nenhuma vez encontrarmos qual seria seu nome, vemos a história de um personagem que se apaixona perdiamente por uma jovem que vê pela primeira vez chorando em uma ponte.
Ao prometer-lhe que não se apaixonaria, o Sonhador conhece Nástienka, uma jovem de 17 anos que vivia a espera de um amor que pensava não conhecer mais.
Tornando então seu amigo, vive o sonho de sua paixão não correspondida e as promessas de não amar Nástienka, que jurou seu amor há um ano, e esperava que chegasse naquela exata época.
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O Sonhador conta suas desilusões amorosas e o vazio de não encontrar alguém. Nástienka, por outro lado, lhe faria prometer nunca se apaixonar por ela, pois o seu amor estava prestes a finalmente acontecer.
“Oh, Nástienka, Nástienka!”, pensei, “Você disse tanta coisa com essas palavras! Por um amor assim, Nástienka, em outra hora o coração gelaria e a alma ficaria pesada. Sua mão está fria, a minha está quente como fogo. Que cega você é, Nástienka!… Oh! Como é insuportável uma pessoa feliz em certos momentos! Mas eu não posso me zangar com você!…” Afinal, meu coração transbordou.
Mas quando finalmente tudo tende ao amor, o destino se desvencilha, Nástienka reencontra seu amor quando está prestes a desistir dele e o Sonhador lhe perde de uma vez.
É impossível não sentir tantas emoções acompanhando as aflições do Sonhador. Mesmo sendo alertado diversas vezes, ele se coloca em momentos dolorosos para si.
Nástienka, por outro lado, vive a tragédia da realidade simples que tanto almeja e parece não encontrar. Sem querer muita coisa, ao contrário do Sonhador, esperava apenas casar-se com quem lhe jurou amor.
Todavia, você chega a sentir que a intensidade daquele amor irá lhe afetar de alguma forma e que o final não será trágico como parece. Porém, é Dostoiévski:
“Oh, Deus! Se eu pudesse amar os dois ao mesmo tempo! Oh, se o senhor fosse ele!”
E sim, a intensidade de seus sentimentos lhe traz bastante repulsa por Nástienka devido aos sinais de que o que tanto sonhava estava do seu lado, mas o que queria não parecia chegar
Também li muitas opiniões diversas sobre o exagero do Sonhador. Onde a ênfase do aviso chegou a ser clara e que o mesmo se iludiu por conta própria.
— Eu só queria lhe dizer… queria lhe dizer que se, embora eu o ame (não, embora o tenha amado), se, apesar disso, o senhor ainda disser… se o senhor sente que seu amor é tão grande a ponto de poder tirar de meu coração o que havia antes… se quiser ter piedade de mim, se não quiser me deixar sozinha com o meu destino, sem consolo, sem esperança, se quiser me amar para sempre como me ama agora, então juro que minha gratidão… que meu amor será afinal digno do seu… Tomaria minha mão agora?
De forma esdrúxula, afirmo concordar com a primeira opinião entre os muitos leitores. O final Noites Brancas divide sim quem o lê e toma conclusões.
E reforço, Nástienka o via como o “amigo” que não afastaria caso o plano A desse errado – perdoe-me a sinceridade, mas é minhas conclusões como leitora.
Noites Brancas é um livro curto de romance de Dostoiévski. Ele fala sobre a paixão não correspondida de um jovem sonhador. Fala sobre o romantismo de São Petersburgo, solidão, ilusão e amor correspondido – e enrolativo.
Para ser bem sincera, Noites Brancas foi um dos melhores livros que já li. Quando falo que boas histórias são aquelas que nos fazem ter sensações, não são especificamente boas.
Claro que quando amamos algo é mais fácil de dar preferência. Mas Noites Brancas me fez ficar com raiva, impaciente e até mesmo decepcionada.
Por outro lado, a beleza na descrição, a sensação de ser acolhida em noites frias, cheio de chuva e lágrimas é mesmo algo que morou em mim do início ao fim.
E sim, tudo isso em um livro curto, rápido e belíssimo. Noites Brancas me fez amar Fiódor Dostoiévski profundamente e querer devorar toda e qualquer obra ou coisa escrita pelo autor russo.
Achava que em Os sofrimentos do jovem Werther eu tinha encontrado meus trechos favoritos. Só que, por acaso sendo similar, Noites Brancas também me ganhou.
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